terça-feira, 6 de março de 2012

Emagrecer o Estado

                 Emagrecer o Estado parece aos olhos de muitos ser a forma mais óbvia e desejada de equilibrar as nossas contas públicas.
                 Parece fácil, mas ninguém o consegue ou quer fazer, e porquê?
            É que emagrecer o Estado passa forçosamente por diminuir número de serviços públicos e de funcionários públicos, mas quais e aonde? Nas escolas, nos serviços de saúde, nas forças de segurança, na administração local? Menos funcionários implica uma de duas coisas: ou serviços de pior qualidade ou menos serviços, pois há um limite para a capacidade de gerir os recursos (dito de modo mais simples, não se fazem omeletas sem ovos…).
            Emagrecer o Estado passa por amputar o presente Estado Social daquilo que a sociedade, através dos seus representantes, os deputados, entender nesse caso abdicar, ou seja seleccionar os direitos de que temos de abrir mão.
            Não podemos continuar a querer Ensino grátis e de qualidade para quem não quer estudar, Saúde grátis e de qualidade para quem não está doente, Dinheiro ao fim do mês para quem não quer trabalhar, Subsídios para as nossa imprevidências e ao mesmo tempo exigir que se emagreça o Estado e que nos continue a dar isso tudo a custo zero ou tendencialmente zero, pois tudo isso custa muito dinheiro, tanto mais dinheiro quanto maior for a qualidade exigida.
            Fatalmente o Estado vai ter de emagrecer, pois sendo pobre não pode continuar a gastar como se fosse rico, mas vai ter de o fazer cortando regalias e direitos adquiridos a que o povo português se habituou. Desengane-se quem pensa que vai ter mais e melhores serviços públicos com um Estado mais magro.
            Emagrecer o Estado de forma visível e eficaz só se consegue privatizando os serviços públicos essenciais e então, nesse caso, o cada um trata da sua vida, abdicando da mão protectora do mesmo Estado!
            Há uma coisa de que tenho a certeza: emagrecer o Estado nunca há-de ser bom para os pobres. Talvez (...) seja bom para alguma classe média que os sustenta através de cada vez mais impostos, mas é sobretudo bom para os ricos que se vêm livres de direitos e mais direitos.
            Não podemos se Socialistas nos direitos e Capitalistas nos deveres.
            Temos de ser conscientes daquilo que queremos, fazer uma reflexão esclarecida e então decidir, sem nos esquecermos que os nossos direitos só se garantem se cumprirmos os correspondentes deveres. Como se dizia antigamente: os nossos direitos acabam quando começam os direitos dos outros. Não podemos exigir serviços públicos que não temos capacidade de pagar, principalmente se nos continuarmos a servir deles de forma irresponsável e desrespeitosa para quem deles necessita.
            É evidente que há muito desperdício nos serviços público que deve ser combatido, mas não me parece que seja o suficiente para resolver o problema do seu financiamento. É no entanto imperativo fazê-lo, pois funciona como exemplo moralizador e como motivação para um esforço colectivo na superação da crise.

1 comentário:

  1. Emagreça de vez em dez dias!!
    Copie e cole no seu navegador para saber mais informações:

    http://adv.li/skc7

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