A Grécia está
a poucos passos da bancarrota. Espanha está a poucos passos de pedir ajuda
externa. Portugal está a poucos passos de caminhar para a tragédia grega.
Portugal é um misto de fé e de fado. Foi a fé de um jovem e inexperiente
político que nos conduziu a Alcácer-Quibir. É o fado que canta os desencantos
deste esquecido e atrasado canto da Europa.
Penso que
muita gente ainda não se apercebeu do que está em causa nas finanças públicas
portuguesas. Se por algum motivo cessarem as transferências periódicas dos
fundos que constituem o resgate de Portugal o sistema económico entra
imediatamente em colapso, levando o país à bancarrota. Nessa altura o Estado
deixará de poder pagar os vencimentos dos seus funcionários, as encomendas dos
fornecedores, as pensões e demais ajudas sociais, simplesmente porque fica com
o saldo da sua conta a 0 euros (fora as dívidas)!
Os
governantes de Portugal têm uma pistola apontada à cabeça e isso deixa-os de
pés e mãos atadas. Podemos optar pelo “não pagamos”, mas temos de perceber que
estamos a optar igualmente pelo “não recebemos”. Se deixarem de nos emprestar
dinheiro para garantir as despesas correntes, a única solução possível é a
imediata emissão de moeda nacional que permita as transacções internas, mas que
não vai ter qualquer valor além-fronteiras. Deixamos de poder importar
electricidade, combustíveis, medicamentos e, o que é mais grave, alimentos!
Como será o dia seguinte ao dia de não receber?
É fácil
exigir direitos, mas todos os direitos têm um custo e parte desse custo é
económico! Temos de encontrar um novo equilíbrio que torne a nossa economia
sustentável, temos de produzir a maioria do que consumimos, temos de ser
melhores do que os outros se queremos exportar, sendo que para ser melhores
temos de valorizar o trabalho e a competência deixando de nos contentar com um
pseudo-igualitarismo medíocre, invejoso e ignorante que só serve os
oportunistas.
Temos de
procurar ser bons naquilo que fazemos e não apenas passear vaidades. A
catástrofe social aproxima-se a passos largos. Para já a crise têm castigado
apenas a classe média, poupando os mais pobres, mas à medida que se vai
proletarizando a classe média cai o consumo, diminui a receita fiscal e aumenta
o desemprego, ficando cada vez menos pano para cobrir uma mancha cada vez maior
de carenciados.
Precisamos de
soluções inovadoras, mas expulsamos do país os melhores quadros, ficando cada
vez com mais lastro inútil que só consome e nada produz. Paradoxalmente, é
contudo este lastro imbecilizado que se ri da crise e mantém o seu estilo de
vida pacóvio num circo que cada vez mais se torna cerco, embriagados pelo maldizer
que nada constrói, entretidos em Futebol Futilidades e Festivais, os 3 F do
século XXI, à espera de um Messias que resolva os problemas que só a eles
compete resolver.
Temos de
partir de pequenas ideias que vamos aglutinando em crescendo até criar a
máquina imparável que possa abrir novos horizontes capazes de nos salvar do
precipício onde fomos lançados, a exemplo do que fizemos há 500 anos quando
demos novos mundos ao mundo.
Ou então,
esperar pelo estatelar pré-anunciado dos nosso corpos no fundo do abismo...
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