A Grécia vai hoje a
votos. Vai escolher se quer continuar com a ingerência externa que
obriga a uma austeridade atroz que tritura cegamente a classe média,
que trata o povo grego como porcos (PIGS), que cria uma espiral
recessiva para a qual não há luz ao fundo do túnel, ou se quer
seguir o seu caminho, correndo os riscos de o fazer.
Em ambos pratos da
balança, as opções são más.
Será que os gregos vão
optar por morrer da cura, ou caminhar para um “suicídio redentor”?
Será que vão esperar
para serem trucidados lentamente pelos mercados até ficarem
despojados de todos os seus bens, ou será que vão dar nova lição
ao mundo e mostrar que com o desespero não se brinca?
Será que vão esperar
até não poder mais e serem fatalmente corridos do €, ou vão
antecipar esse desígnio?
É que não me parece
que para o cidadão comum não será muito útil estar no € se não
tem euros na carteira.
Só se justifica
permanecer numa sociedade ou associação se isso for vantajoso. Por
muito mau que seja o futuro fora do €, o futuro dentro dele também
não parece brilhante.
Pode ser que ainda não
seja desta vez que os gregos rasgam o acordo com a Troika, mas não
deve tardar muito para que isso aconteça.
Tratar todo um povo como
corrupto e preguiçoso obrigando-o a viver na miséria não me parece
um bom cartão de visita para a Europa do século XXI.
A História de Portugal
e dos restantes países da Europa foi feita sem o €. A moeda única
poderia e deveria ser uma mais-valia para a construção duma
identidade europeia. Uma moeda única sem uma harmonização fiscal,
social, salarial, de direitos e de deveres é construir a casa pelo
telhado: um vendaval do outro lado do Atlântico está a deitar tudo
a perder.
Sem comentários:
Enviar um comentário