A canção “E depois do Adeus” interpretada por Paulo de Carvalho foi o sinal que deu início à revolução de 25 de Abri de 1974l terminando com uma ditadura de 48 anos para instaurar em Portugal um regime democrático.
Em 1974 a
Democracia herdou um Portugal rico em ouro mas estruturalmente pobre, rural,
analfabeto sem infra-estruturas sanitárias, viárias e outras, que reivindicava
suas terras de outras gentes, querendo manter um império numa altura em que as
grandes potencia já tinham procedido à descolonização. O 25 de Abril quebrou
amarras com o passado e procurou dar aos portugueses uma vida digna, na qual os
direitos fundamentais fossem garantidos para todos, tendo como bandeiras de uma
liberdade a sério a paz, o pão, a habitação, a saúde e a educação.
Passados 38 anos o 25 de Abril volta a ter um protagonismo
pouco habitual nos anos anteriores, pois vários portugueses se viram
confrontados com uma prática política que nada tem a ver com a revolução dos
cravos, levando-os a questionar que tipo de Democracia é esta que escraviza os
trabalhadores, destrói o Estado Social e esquece os direitos básicos dos
cidadãos.
Como foi possível este trajecto que permitiu com passividade
sermos desgovernados por políticos elaborados pelo marketing, extraídos
directamente da carreira partidária com pouco ou nenhum capital profissional
conhecido fora do seu círculo de amizades para satisfazer os vorazes desejos
duma clientela cega perante as dificuldades de quem tem que lutar anos e anos
com o dia-a-dia, surda perante quem está no terreno a lidar com os problemas e arrogante
perante aqueles a quem devia servir?
Com que direito se expulsa para emigração jovens que batalharam para tirar um curso com pouco mais
de 20 anos quando os políticos que dirigem os destinos do país só os
completaram perto dos 40?
É preciso fazer acordar
Portugal. 800 anos de história não se podem deixar humilhar assim tão
facilmente. A Democracia só existe se o povo não abdicar da sua força e da sua
capacidade para mudar o rumo à História. A Democracia existe para servir o povo
e não para servir os que se servem do povo para viver à sua custa, subindo a
escada do poder à custa da despudorada venda de ilusões que acabam sempre por
revelar a face da mentira.
A
Democracia não pode ser utilizada como meio do povo se flagelar a si próprio.
Mudar o destino do país está e sempre estará nas mãos do povo. Mais que uma
revolução de armas é fundamental uma revolução de mentalidades. Não podemos
estar sempre à espera dum D. Sebastião que venha resolver os nossos problemas e
dificuldades pois esse tipo de salvadores da pátria só nos leva a
Alcácer-Quibir. É preciso mais cidadania, mais intervenção, mais conhecimento
dos problemas, mais audácia para sair do atoleiro onde nos encontramos. E
coragem para dizer “Basta”.
25 de Abril é sempre que o povo quiser.
25 de Abril é sempre que o povo ousar tirar o chicote a quem o açoita
sem respeito.
25 de Abril pode ser hoje,
amanhã, daqui a um mês, um ano, 10 anos, mas há-de voltar a ser!...
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