A
história recente da Europa mostra que a tentativa de construção de
uma união apoiada sobre valores monetários sobrepostos a valores
sociais, culturais e económicos está a revelar-se um fracasso.
O
empolgante projecto de uma Europa do Atlântico aos Urais convertida
num espaço de paz, desenvolvimento e prosperidade está a resvalar
para uma Europa assimétrica, nacionalista, em crescente convulsão
social, favorecendo os radicalismos.
Se
pretendemos salvar o projecto Europeu temos de lhe dar uma nova forma
que solidifique o sonho duma identidade continental, criando
convergências em vez de divergências.
A
União Europeia tem de ser mais que uma moeda comum e a livres
circulação de pessoas e bens coordenados por uma estrutura
administrativa com poderes extremamente limitados.
O
projecto europeu para ser viável tem de ser mais ambicioso e
construir uma Europa não apenas económica mas também social e
organizacional.
É
fundamental criar uma identidade comum representativa de todos os
habitantes deste vasto espaço geográfico, capaz de centralizar não
só o poder de decisão, mas também a coordenação e execução de
benefícios sociais que se querem convergentes, de modo a que os
povos menos desenvolvidos possam alcançar um estado superior de
desenvolvimento sem comprometer o futuro dos povos mais
desenvolvidos. Sem existência de vantagens para ambos intervenientes
– Estados individuais e UE – não faz sentido qualquer
associação.
Para
construir uma dinâmica capaz de uniformizar uma Europa de modo a ser
tendencialmente simétrica e não assimétrica - pois só a simetria
é garante de estabilidade - devem ser dados passos no sentido de
criar uma Europa social, cultural e administrativa, apoiada por uma
estrutura militar comum sem subserviência a nenhuma outra potência
mundial.
Um
dos primeiro pilares duma Europa Social deve ser a instituição de
um Salário Mínimo Europeu tendo por base as economias menos
desenvolvidas e coexistente com o Salário Mínimo dos países
individuais. Este salário Mínimo Europeu deveria crescer de forma
sustentável de modo a aproximar numa forma dilatada no tempo os
rendimentos do trabalho nos países mais pobres e países mais ricos.
Os
vencimentos dos funcionários das grandes multinacionais europeias
deveriam ser tendencialmente iguais em todos os países da União
Europeia, evidentemente com com alguma margem de flexibilização
adaptada às economias regionais.
Deveria
ser criada uma Administração Pública central, que seja suporte de
um esqueleto organizacional à semelhança do que foi feito no
Império Romano.
Deveriam
ser definidos os pilares básicos de apoio social e nesse campo
deveriam ser criados um Serviço de Saúde Europeu, uma Escola
Pública Europeia e uma protecção social a ao trabalho Europeia.
Os
sindicatos nacionais deveriam ser fundidos em sindicatos europeus
para uma defesa mais consistente dos interesses dos trabalhadores.
Em
último ligar deveria ser definida uma língua oficial comum que
coexistiria com as línguas locais mas que seria o ponto de
convergência multiplicidade de cultura que este espaço geográfico
contém.
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